Num mundo dominado por e-mails,
redes sociais e aplicativos de mensagens como o WhatsApp,
a comunicação escrita ocupa um espaço central no cotidiano. Mais do que nunca,
é preciso saber escrever com objetividade, clareza e coerência — ainda mais em
situações profissionais.
Ter uma boa redação não
é um "luxo" dispensável: a competência é decisiva para o sucesso em
qualquer segmento de atuação.
Além de
trazer benefícios para o indivíduo, o cuidado com a linguagem também faz bem
para a saúde dos ambientes de trabalho, públicos ou privados: quanto maior a
qualidade do diálogo entre as pessoas, mais fáceis se tornam os acordos.
Mas como
aperfeiçoar a sua redação e gerar oportunidades para si mesmo? Um bom começo é
conhecer alguns vícios muito comuns, mas fáceis de eliminar, como os que você
verá a seguir:
1. Usar expressões “difíceis”
(que não significam o que você pensa)
Quem nunca leu (ou escreveu) algo como “Essa questão deve ser discutida
junto ao departamento de RH”? A expressão “junto a” significa “perto de”. Pode
até parecer mais culto dizer que você discutiu a questão junto ao departamento, mas isso não faz sentido:
escreva simplesmente que a discutiucom o departamento.
“Posto
que” é outra expressão elaborada que muita gente emprega
equivocadamente. O sentido correto é adversativo (como “embora”), e não causal
(como “já que”). A norma culta prevê que você diga algo como "Posto que
estivesse chovendo, fui à praia", e não "Posto que fizesse sol, fui à
praia".
Outro exemplo é a palavra “assertivo”, muito
usada no discurso corporativo com o sentido de “preciso”, “exato” e “correto”,
talvez pela semelhança sonora com a palavra “acerto”. O significado, porém, é
outro: uma pessoa assertiva é aquela que expõe e defende suas ideias com
firmeza, autoconfiança e vigor.
2. Insistir em fórmulas prontas
Muitos ainda enfeitam suas redações com frases consagradas, que pouco ou
nada acrescentam à mensagem. Exemplos típicos da correspondência profissional
são “Venho por meio desta” ou “Sem mais para o momento”.
Além de
soarem pouco naturais, essas fórmulas alongam o texto desnecessariamente e
criam barreiras para a compreensão do seu recado. Quer manter um diálogo mais
claro e genuíno com o seu leitor? Revise seu texto e corte todas as frases e
expressões que estão ali só por convenção.
3. Repetir, repetir, repetir
A redundância só serve para cansar e
desconcentrar o outro.
Para sanar o
problema, a dica é usar conjunções, como “entretanto”, “porém” e “embora”, e
pronomes relativos, como “dos quais”, “onde” e “cujo”, que criam conexões entre
as ideias e dispensam a necessidade de retomá-las várias vezes.
Pesquisar sinônimos para as palavras que precisam ser repetidas também é
interessante. O dicionário não é o "pai dos burros", como se costuma
dizer, mas o aliado dos curiosos.
4. Ignorar possíveis duplos
sentidos
Na frase “A diretora discutiu com o gerente o seu
descontentamento com a equipe”, de quem é o descontentamento: da
diretora ou do gerente? Desprovida de recursos como o tom de voz e as
expressões faciais, a comunicação escrita é especialmente suscetível a
mal-entendidos. Um erro bastante comum é negligenciar esse risco, deixando de ler
o texto com o olhar do interlocutor.
Cuidar da pontuação também ajuda a evitar a ambiguidade. Basta ver a
diferença entre “Pegue o livro, que está na gaveta” e “Pegue o livro que está na gaveta”. No primeiro caso,
há um único livro, e seu lugar é a gaveta. No segundo, pode haver vários
livros, mas apenas o que está na gaveta deve ser pego.
5. Cometer velhos erros
Mesmo profissionais de alto gabarito hierárquico escorregam em velhos
tópicos de gramática, endereçados desde os tempos de escola. Os verbos “haver” e“fazer” são
exemplos típicos. Muita gente já sabe que ambos devem permanecer no singular
quando têm sentido de existência ou tempo transcorrido. No lugar de “Fazem dois
anos” e “Haviam dados”, deve-se escrever “Faz dois anos” e “Havia dados”.
6. Falhar na
padronização
Outro vício
comum é negligenciar regras básicas sobre sinais e abreviações. Não é mero
formalismo: num texto profissional, a padronização ajuda a deixar a comunicação
mais limpa e clara.
Atenção para a notação do horário: o símbolo de hora é h, o de minuto é “min” e o de
segundo é s. Para descrever uma duração,
usa-se “das 9h às 10h30", por exemplo. O símbolo “min” só será obrigatório
se também forem citados os segundos. Você pode escrever, por exemplo, que uma
determinada prova olímpica dura 1h15min10s.
As siglas
também precisam seguir um padrão. Na primeira vez em que citar algo como o
BNDES, escreva primeiro o nome correspondente por extenso, desta forma: “Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)”. A partir daí, fique à
vontade para usar só a sigla quando mencionar a instituição.
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